Poder Oeste de Westeros

Chapter 2: Conhecimento



A neve rangia sob os cascos dos cavalos, e Jon, tentando esconder sua ansiedade, olhou para o tio. Benjen sempre foi um homem reservado, mas algo em sua postura naquela viagem parecia mais sombrio, mais pesado do que o normal.

 

— Está tudo bem, tio? — Jon Corte o silêncio, a voz hesitante.

Benjen suspirou profundamente antes de responder.

 

— Jon, há algo que você precisa saber. Algo que deveria ter sido dito muito antes... mas talvez agora seja o momento certo.

 

Jon sentiu o coração apertado no peito. Não era comum Benjen falar em coisas tão sérias.

 

— O que é? — Disse ele, os olhos fixos no homem.

 

Benjen olhou para o sobrinho, os olhos azuis cheios de algo que Jon não conseguiu identificar: tristeza, talvez, ou arrependimento.

 

— Você sempre se perguntou sobre sua mãe. Sobre quem ela era, sobre o que ela queria. O que você vai dizer agora, Jon, é algo que nem o mesmo Eddard Stark pode contar.

 

Jon segurou a respiração, seu coração batendo mais rápido.

— Ela... ela está viva?

 

Benjen balançou a cabeça.

— Não. Ela se foi, assim como seu pai. Mas o que importa, Jon, é quem eles eram. Sua mãe era Lyanna Stark. Sua tia.

 

Jon ficou congelado, pois o vento frio penetrou em seus ossos.

— Isso... isso não é possível. Meu pai... meu pai é Ned. Ele sempre disse que...

 

— Eddard Stark criou como filho porque não havia outra maneira de observá-lo. Sua verdadeira mãe era Lyanna, e seu pai era Rhaegar Targaryen.

O mundo de Jon parece girar. Ele sempre se sentiu deslocado, como se nunca tivesse pertencido de verdade em Winterfell, mas agora tudo fazia sentido — de uma forma terrível.

 

— Isso é uma piada? — ele disse, com a voz trêmula.

 

Benjen o encarou com a seriedade de um homem que carregava o peso de segredos por muitos anos.

— Não, Jon. É a verdade.

 

O jovem ficou em silêncio por um longo tempo. As palavras de Benjen ecoavam em sua mente como trovões. Targaryen. O sangue do dragão corria em suas veias, e ele nunca descobriria.

 

Depois de um tempo, Jon encontrou forças para falar.

— Então, o que devo fazer? Viver a vida toda na Muralha, sabendo que não sou quem quero ser?

 

Benjen olhou para ele, os olhos ainda cheios de pesar.

— Você tem escolhas, Jon. Não vou lhe dizer o que fazer. Mas se decidir seguir seu coração, talvez o Oeste de Westeros seja um lugar para começar. É uma terra desconhecida, além do alcance de tronos e conflitos.

 

As palavras plantaram uma semente no coração de Jon. Ele não podia ignorar a revelação de Benjen, mas tampouco estava pronto para enfrentar o caos que essa verdade poderia trazer. Talvez o Oeste fosse sua resposta — um lugar para recomeçar, para descobrir quem ele era longe das sombras de gelo e fogo.

 

Quando chegou à Muralha, Jon sabia que sua vida jamais seria a mesma. Ele olhou uma última vez para o horizonte gelado, as palavras de Benjen ainda ardendo em sua mente.

"O Oeste de Westeros... além de tudo que conhecemos."

 

E assim, começou sua jornada, não como um bastardo de Winterfell, mas como Jon Targaryen, o lobo e o dragão, buscando seu próprio destino.

 O Vento do Oeste

O grande portão da Muralha ficou quando foi fechado atrás de Jon Snow. O som ecológico ou profundo e grave, como se o próprio gelo estivesse se despedindo dele. Castle Black parecia maior do que ele imaginava, mas vazio, sombrio. A viagem havia acabado, mas Jon sentiu que sua verdadeira jornada estava apenas começando.

 

Benjen o observava de perto, como se esperasse que o sobrinho desabasse a qualquer momento. Mas Jon não chorou. Seu silêncio era mais gelado que o vento que soprava dos ermos.

— Você está bem? — disse Benjen, embora saiba que a resposta seria algo distante da verdade.

 

Jon apenas concordou, sem olhar para o tio. Seus pensamentos estavam turvados. Ele não conseguiu parar de pensar nas palavras que Benjen dissera. Lyanna Stark. Rhaegar Targaryen. Seu sangue, sua origem, uma mentira tão grande quanto a muralha de gelo diante dele.

 

Naquela noite, Jon não conseguiu dormir. Sentado em um canto escuro do alojamento, olhei para a chama fraca de uma vela e para a pequena carta que escrevera, mas ainda não tivea coragem de enviar.

"Pai... Não, tio Ned..."

Ele rasgou a carta antes de terminar, jogando os pedaços ao fogo. Não havia como colocar em palavras o que sentisse. Como se você pudesse descrever o som de uma avalanche ou o peso de um mundo que desmorona em silêncio.

 

Foi Sam Tarly, o recruta gordinho e desajeitado, que interrompeu seus pensamentos.

—Jon? Está tudo bem? Você parece... distante.

 

Jon tentou esboçar um sorriso, mas não conseguiu.

— Estou bem, Sam. Só... pensando.

 

Sam, que era mais perspicaz do que parecia, enviou-se ao lado dele.

— Pensar é perigoso aqui, sabia? — disse ele, com um sorriso tímido. — A Muralha tem um jeito de fazer os pensamentos parecerem maiores do que são.

 

Jon olhou para ele, hesitando por um momento antes de falar.

— Você já se sentiu que não pertence a lugar nenhum, Sam? Que não importa o que faça, sempre será visto como... menos?

Sam soltou um risoto amargo.

 

— Sempre. Meu pai me mandou para cá porque eu era uma desgraça para o nome da família. Então, sim, sei como é.

Jon ficou em silêncio. Não era o mesmo, claro, mas havia algo reconfortante na honestidade de Sam.

 

— Estou pensando em partir — disse Jon de repente, quase como se as palavras tivessem escapado de sua boca antes que pudessem segurá-las.

 

Sam arregalou os olhos.

— Partir? Mas para onde?

Jon hesitou.

 

— Pará o Oeste. Além do que conhecemos. Quero deixar tudo isso para trás — a Muralha, os Starks, os Targaryen... tudo.

 

Sam engoliu em segundo.

— É uma escolha perigosa, Jon. Mas... se for o que seu coração deseja...

 

Na manhã seguinte, Jon subiu até o topo da Muralha, sozinho, para ver o horizonte. O vento era cortante, arrancando lágrimas involuntárias de seus olhos. Ele olhou para o Norte, onde os ermos se estendiam sem fim, e depois para o Sul, onde o mundo que ele conheceu estava enraizado em mentiras e dor.

Mas foi para o Oeste que ele olhou mais tempo. O sol nascente tingia o céu com um tom dourado, e Jon sentiu um impulso profundo, quase visceral, de seguir aquele caminho desconhecido.

 

Benjen encontrou-o lá em cima, como se soubesse que Jon estava prestes a tomar uma decisão.

— Você já decidiu, não é? — Disse ele, sem rodeios.

 

Jon virou-se, os olhos fixos nos do tio.

— Não posso ficar aqui, tio. Não posso viver minha vida como um bastardo ou como algo que nunca pedi para ser. Preciso descobrir quem sou... e acho que só vou encontrar isso longe daqui.

 

Benjen suspirou, mas havia um brilho de orgulho em seus olhos.

— Então vá, Jon. Mas saiba que não importa onde o vento ou a intensidade, você sempre será um Stark.

 

Jon não respondeu. Ele sabia que Benjen queria confortá-lo, mas as palavras só o deixavam mais pesado. Ele não sabia se era um Stark, um Targaryen, ou algo completamente diferente. Só sabia que não poderia mais viver preso à sombra de outros nomes.

 

Naquela noite, Jon partiu. Com Ghost, seu fiel lobo gigante, ao lado, ele deixou Castle Black sem olhar para trás. O Oeste chamava, e Jon Snow, o lobo perdido, estava determinado a encontrar um novo lar — ou morrer tentando.

E no horizonte, onde o gelo e o fogo nunca chegaram, o vento começou a mudar.

 

Capítulo 3 - O Legado do Dragão

O salão de Castle Black era frio e silencioso, iluminado apenas pelas chamas de tochas bruxuleantes. Jon Snow estava prestes a partir, com Ghost à sua sombra e uma mochila simples nas costas. Mas antes que pudesse cruzar os ocultos, Sam correu.

—Jon! O mestre Aemon quer vê-lo. Ele disse que é importante.

Jon franziu o cenho. Aemon relatou ter chamado alguém, e, apesar de toda a sabedoria que o velho cego possuía, ele raramente se envolveu nos assuntos dos recrutas. Ainda assim, havia algo no tom ansioso de Sam que o fez seguir o amigo até os aposentos do mestre.

Aemon estava sentado em sua cadeira, curvado sob o peso de sua idade, mas ainda com a presença de alguém que já havia visto muito mais do que os outros podiam imaginar. Diante dele, sobre uma mesa de madeira desgastada, havia objetos cobertos por um tecido negro.

— Jon Snow, aproximadamente — disse Aemon, sua voz firme, apesar da fragilidade de seu corpo.

Jon caminhou até ele, curioso e desconfiado.

 

— Mestre Aemon. Sam disse que queria falar comigo.

O velho declarou a cabeça, embora seus olhos cegos não tenham modificado ver Jon.

— Eu sei quem você é, Jon. Não apenas Jon Snow, o bastardo de Winterfell. Mas os herdeiros de sangue e fogo.

 

Jon sentiu o coração apertado. Mais uma vez, aquele peso voltou a pressionar seu peito.

— Você sabe? Sobre minha mãe, meu pai?

 

Aemon assentiu lentamente.

— Sou o último dos Targaryen aqui na Muralha, mas não o último do meu sangue. Você carrega o legado da Casa que dominou Westeros por séculos. Mas, mais do que isso, você carrega uma escolha.

 

Jon não entendeu imediatamente, mas Aemon continuou, apontando para a mesa.

— Quando vim para a Muralha, trouxe comigo algumas coisas que não poderiam cair nas mãos de qualquer um. Relíquias da Casa Targaryen. Achei que nunca teria sido usado novamente, mas agora vejo que estava errado.

Com mãos trêmulas, Aemon mantém o tecido negro, revelando os itens sob ele. Jon ficou sem fôlego.

Havia uma espada de lâmina negra, elegante e mortal, com runas valirianas gravadas em seu comprimento. Ao lado dela, um ovo de dragão apareceu em um suporte dourado, suas escamas iridescentes refletindo a luz das tochas. Um colar de rubi pulsava como se tivesse um coração próprio, e uma pilha de pergaminhos antigos estava enrolada ao lado de um grimório grosso, com símbolos que Jon não conseguiu decifrar.

 

— O que é tudo isso? — perguntou Jon, com a voz quase um sussurro.

Aemon se inclinou para frente, sua expressão grave.

— É o que restou do poder de sua casa. A espada chama-se Umbraflama , forjada nas fornalhas de Valíria. O ovo de dragão... é um dos últimos que restam no mundo. Os pergaminhos e o grimório contêm segredos da antiga Valíria: magias perdidas, conhecimento que pode mudar o mundo.

 

Jon olhou para os itens, dividido entre admiração e medo.

— Por que você está me dando isso?

 

Aemon segurou o colar de rubi, estendendo-o para Jon.

— Porque você é diferente de seus antepassados, Jon. Rhaegar acreditava que o dragão tinha três cabeças, que a grande canção de gelo e fogo traria salvação. Mas eu vi o que a busca pelo poder fez à minha família. Vi dragões queimados, cidades e reis sendo consumidos por sua própria arrogância. Você tem uma chance de ser melhor. De forjar um caminho que não seja manchado por orgulho e destruição.

 

Jon pegou o colar, sentindo o calor que emanava dele.

— Mas eu não sei quem sou. Não sei o que isso significa.

 

Aemon simpático, um sorriso fraco, mas cheio de compreensão.

— Você não precisa saber agora. Só precisa lembrar quem não quer ser.

 

Jon respirou fundo, seus olhos se voltaram novamente para os itens.

— Como eu... como eu faço isso? Como chocolate ou ovo?

 

Aemon indicou os pergaminhos.

— As respostas estão ali. Não é um processo simples, Jon. O fogo sozinho não é suficiente. É preciso sacrifício, vontade, e algo que não posso ensinar.

 

Jon hesitou, mas então pegou o ovo com cuidado, sentindo sua textura áspera e quente.

— Obrigado, Aemon. Não sei se sou digno disso...

 

O velho soltou uma risada fraca.

— Ninguém começa digno, Jon Snow. Mas todos têm uma chance de se tornarem.

 

Jon colocou o colar na volta do pescoço, sentindo a energia pulsar como uma segunda vida. Ele pegou Irmã Negra e os pergaminhos, guardando tudo em sua mochila.

Enquanto se preparava para sair, Aemon o chamou mais uma vez.

— Jon.

 

Ele parou na porta, virando-se para olhar o velho mestre.

— Lembre-se de que o poder é uma faca de duas gomas. Não importa quem você foi, mas quem você decide ser. Seja melhor do que aqueles que vieram antes de você.

 

Jon particularmente, sentindo o peso da responsabilidade. Ele partiu na escuridão da noite, com Ghost ao seu lado e um ovo de dragão nas mãos.

E no fundo de sua alma, uma chama começava a se acender.

 Um Juramento no Fim do Mundo

 

O vento frio da Muralha uivava como um lamento antigo, mas dentro do aposento de Mestre Aemon, o silêncio era ainda mais pesado. As palavras do velho cego reverberavam na mente de Jon Snow, tão claras e cortantes quanto o aço.

— Eu peço que você tente salvar sua tia, Daenerys, e sua avó, Rhaella Targaryen.

 

Jon piscou, confuso.

— Minha... avó? Mestre Aemon, ela não está morta?

O velho balançou a cabeça lentamente, como se o peso do que sabia fosse grande demais até mesmo para ele carregar.

– Não, Jon. Rhaella foi levada por muito tempo durante a Rebelião de Robert, escondida por aqueles que ainda eram leais à Casa Targaryen. Assim como sua tia, Daenerys, ela vive... mas em perigo constante.

 

Jon tentou comprar aquilo, mas parecia impossível. Ele mal sabia quem era de verdade, e agora descobriu que sua família — sua verdadeira família — ainda estava espalhada pelo mundo, sofrendo ou fugindo.

— Como vou saber onde encontrá-los? — ele disse, sua voz quase um sussurro.

 

Aemon projeta a cabeça, seus olhos cegos brilham como se vissem algo que ninguém mais podia enxergar.

— Vá para Asshai. Lá você encontrará respostas. Na Cidade das Sombras, aprenderá o que precisa sobre magia e sobre seu próprio destino. Só depois de entender quem você é e o que carrega será capaz de encontrá-los.

 

Jon deu um passo para trás, sentindo o peso das palavras do velho como uma muralha desabando sobre ele.

— Magia? Asshai? Mestre Aemon, eu não sou um feiticeiro. Não sou um herói ou um príncipe. Sou apenas... um bastardo.

 

Aemon abaixou a cabeça por um momento, como se orasse em silêncio. Quando voltei a falar, sua voz era solene, transmitindo emoção.

— Você é mais do que acredita ser, Jon. Mais do que eu ou qualquer um pode explicar. Mas se não for para você tentar salvar nossa casa, quem mais fará? Rhaella é a última rainha verdadeira de nossa linhagem. Daenerys... ela é o futuro. Você pode salvá-los. Você pode salvar o sangue do dragão.

 

Jon sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele nunca foi chamado para algo tão grande. Era como se todo o peso de gerações estivesse sendo colocado sobre seus ombros.

— E se eu falhar? — ele murmurou.

 

Aemon se inclina para frente, sua expressão séria, mas com um traço de esperança.

— Então você terá tentado. E isso, Jon, já será mais do que a maioria teria coragem de fazer.

 

Jon ficou em silêncio por um longo tempo, olhando para o ovo de dragão em suas mãos e o brilho quente do colar de rubi em seu pescoço. Finalmente, ele caiu de joelhos diante de Aemon.

— Por favor, levante-se — disse Aemon, com um tom gentil.

 

Mas Jon não se moveu.

— Não. Eu juro... eu juro que vou salvar cada um dos membros de nossa casa. Você encontra minha tia e minha avó. Vou honrar o sangue do dragão e os proteger, mesmo que isso me custe tudo.

 

As mãos de Aemon tremiam quando ele se estendeu, segurando o rosto de Jon com um carinho quase paternal.

— Você carrega nossa última esperança, Jon. Não deixe que a chama se apague.

 

Jon se falou lentamente, seu coração decidido.

— Eu não vou deixar.

 

Enquanto Jon saía da sala, carregando o ovo, o colar e os pergaminhos, Aemon ficou sozinho no escuro. Por um momento, ele deixou que uma lágrima escorresse por seu rosto enrugado.

— Que os deuses antigos e novos o guiem, Jon. Que você seja o dragão que o mundo precisa.

Do lado de fora, Jon olhou para o horizonte. A viagem para Asshai seria longa e cheia de perigos, mas ele não hesitaria.

"Salve-as. Salve a nossa Casa e o nosso sangue."

Aquelas palavras ecoavam em sua mente. E, pela primeira vez, ele sentiu que sabia exatamente o que deveria fazer.

 

O Lobo no Mar

 

Jon Snow estava de pé no convés de um velho navio mercante, o "Garra do Vento" , enquanto o Atalaio Oeste da Ponta desaparecia no horizonte. As ondas do mar batiam com força contra o casco, e o vento frio chicoteava seu rosto, trazendo o cheiro salgado do oceano. Ele nunca tinha estado em um navio antes e, por mais que o balanço constante fizesse seu estômago revirar, Jon não desviava o olhar do horizonte.

 

Ghost, seu fiel lobo gigante, permanece ao seu lado, os olhos vermelhos brilhando como brasas. O lobo não gostou do confinamento do navio, mas sua lealdade a Jon o mantinha tranquilo, mesmo em um ambiente tão estranho.

 

Enquanto Jon olhava para o leste, sentindo o peso de seu destino, um marinheiro incorporado e de barba espessa se movia. Era Deryn, o capitão da "Garra do Vento" .

— Então, rapaz, por que um jovem como você está navegando para Essos? — Disse ele, com a voz rouca. — Não é comum ver lobos do Norte cruzando o mar.

 

Jon hesitou por um momento antes de responder. Ele não poderia revelar sua verdadeira missão; o segredo de sua linhagem e o destino de sua casa eram perigosos demais para serem compartilhados com estranhos.

— Estou buscando respostas — respondi ele, evasivo.

 

Deryn riu, sacudindo a cabeça.

— Respostas, é? Bem, esses têm muitos, mas raramente são o que esperamos. Especialmente se você estiver indo para o leste.

 

Jon franziu a testa.

— O que quer dizer?

 

O capitão apoiou os braços na amurada, olhando para o mar.

— Dizem que Asshai é uma terra de sombras, onde até mesmo a luz do dia é briga. Magia negra, feitiçarias antigas, coisas que ninguém deveria procurar. E você, com esse ovo estranho e seu lobo gigante, parece estar no meio de algo grande.

 

Jon engoliu em seco, surpreso com a percepção do homem.

— Não é tão simples assim — respondeu ele, a voz baixa.

 

Deryn o inspirou por um momento, seus olhos avaliando o jovem.

— Nada nunca é. Mas uma coisa que eu sei: você carrega um peso maior do que deveria para alguém tão jovem. Seja lá o que você está buscando, espero que valha a pena.

 

Jon não respondeu, mas as palavras do capitão ficaram com ele. Ele sabia que uma jornada para Asshai não seria fácil. Mesmo que encontrasse as respostas que buscava, seria apenas o começo.

As Noites no Mar

Durante a viagem, Jon passou suas noites na pequena cabine que o capitão lhe ofereceu. Ali, ele estudou os pergaminhos e o grimório que Mestre Aemon lhe confiou. Os textos valirianos eram difíceis de decifrar, mas algumas palavras começavam a fazer sentido.

Um dos pergaminhos descrevia um ritual para despertar um ovo de dragão. Ele falava de fogo e sangue, elementos essenciais para trazer à vida uma criatura que há muito se tornaria lenda.

Jon olhou para o ovo de dragão em suas mãos. Ele era pesado e quente, com escamas que pulsavam levemente sob seus dedos.

— Fogo e sangue — murmurou ele para si mesmo.

 

Ghost, deitado ao lado dele, manifestou a cabeça, como se sentisse a tensão de seu dono. Jon passou a mão no pelo branco do lobo, buscando conforto.

— Não sei o que estou fazendo, Ghost. Não sei se sou forte o suficiente para tudo isso.

Ghost respondeu com um leve rosnado, como se dissesse que Jon não estava sozinho.

Uma Tempestade no Horizonte

 

Depois de semanas de viagem, a "Garra do Vento" causou uma tempestade terrível. Ondas enormes ameaçavam engolir o navio, e os marinheiros lutavam desesperadamente para manter a embarcação à tona.

 

Jon ajudou como poderia, segurando cordas e reforçando velas, enquanto Ghost uivava contra o vento. No auge da tempestade, o céu parecia se abrir em um raio de luz pálida, e Jon viu algo que nunca esqueceria: uma sombra no céu, algo que parecia bater asas enormes entre os relâmpagos.

 

— Um dragão? — ele murmurou, incrédulo.

Mas a visão desapareceu tão rapidamente quanto aconteceu, e Jon não teve tempo de refletir mais. Ele tempestade se concentrou em sobreviver à, agarrando-se ao que podia enquanto o navio era jogado de um lado para o outro.

 

Quando o mar finalmente se acalmou, o capitão Deryn olhou para Jon, sua expressão sombria.

— Nunca vi uma tempestade como essa. Você trouxe algo poderoso para este navio, rapaz. Cuidado para que isso não nos consuma antes de chegarmos ao nosso destino.

Jon apenas casualmente, mas seu coração estava inquieto. Ele sabia que estava se aproximando de algo muito maior do que ele, algo que poderia mudar o curso de sua vida — e do mundo.

E assim, com o mar calmo novamente e o leste esperando, Jon continuou sua jornada para Asshai, onde segredos antigos e perigos inimagináveis ​​o aguardavam.

A Sombra de Asshai

 

A "Garra do Vento" finalmente atracou em um pequeno porto de Asshai, a Cidade das Sombras. A chegada foi marcada por um silêncio inquietante. Não havia o barulho típico de marinheiros descarregando mercadorias, nem o som de risadas ou música vinda da costa. Em vez disso, a atmosfera era pesada, quase sufocante, como se o próprio ar carregasse os segredos sombrios do lugar.

 

Jon Snow desceu do navio com Ghost ao seu lado, a presença imponente do lobo branco atraindo olhares de curiosidade e desconfiança dos poucos habitantes que se aventuravam pelas ruas estreitas. As construções de pedra negra compensam absorver a pouca luz que existia, dando à cidade uma aparência espectral.

 

O capitão Deryn deu um último aviso antes da partida.

— Asshai não é um lugar para os fracos de coração, rapaz. Cuidado com quem confia e, acima de tudo, com o que busca. Algumas respostas têm um preço alto demais.

 

Jon agradeceu com um aceno, mas suas mãos instintivamente apertaram o punho da espada Umbraflama , agora em sua cintura. Ele sabia que o que encontraria ali poderia mudar tudo — ou destruí-lo.

Os Primeiros Passos na Cidade das Sombras

Asshai era diferente de tudo o que Jon já havia visto. Pessoas encapuzadas e silenciosas caminhavam pelas ruas, suas figuras obscuras por mantos que não eram feitos de sombra. Incensos ardiam em esquinas, soltando uma fumaça espessa que fazia Jon sentir-se levemente tonto.

 

— É aqui que as respostas estão? — murmurou ele para Ghost, que rosnou baixinho em resposta.

Seguindo as orientações de Mestre Aemon, Jon se dirigiu a uma torre isolada no extremo da cidade. Diziam que lá vivia uma mulher chamada Quaiyah , uma sacerdotisa e estudiosa das artes mágicas. Ela seria seu guia em Asshai, a única pessoa capaz de decifrar os segredos dos pergaminhos e do grimório que ele carregava.

O Encontro com Quaiyah

A torre era alta e retorcida, feita do mesmo tipo de pedra negra que dominava a cidade. Jon hesitou diante da porta pesada, mas antes que pudesse bater, ela se abriu sozinha, como se o esperasse.

— Entre, lobo do Norte. — A voz vinha de dentro, suave, mas com uma força que fez Jon se arrepiar.

Jon entrou com cautela, Ghost ao seu lado, rosnando baixinho. A sala estava cheia de velas e livros empilhados desordenadamente, e no centro dela estava Quaiyah. Ela era alta e magra, com cabelos negros como asas de corvo e olhos dourados que brilhavam como fogo líquido.

 

— Você é mais jovem do que eu esperava — disse ela, observando-o de cima a baixo. Seus olhos pousaram no colar de rubi que Jon usava. — E carrega um poder que ainda não entende.

— Preciso de respostas — disse Jon, sua voz firme. — Sobre o meu destino, minha família, e... sobre isso.

Ele colocou o ovo de dragão na mesa diante dela. As escamas brilhavam levemente sob a luz das velas, e Quaiyah arqueou uma sobrancelha, claramente intrigada.

— Um ovo de dragão. Raro. Poderoso. — Ela passou os dedos finos sobre ele, mas não tentou pegá-lo. — Mas você não veio aqui só por isso, não é?

 

Jon concorda.

— Preciso aprender a despertá-lo. E preciso encontrar minha família. Minha tia, Daenerys, e minha avó, Rhaella. Mestre Aemon disse que Asshai teria as respostas que procurava.

 

Quaiyah sorriu, mas havia algo inquietante em sua expressão.

— Mestre Aemon tinha razão. Asshai tem como respostas. Mas o conhecimento que você busca exige sacrifícios, Jon Snow. Você está preparado para pagar o preço?

 

Jon não hesitou.

— Farei o que for necessário.

 

Quaiyah o estudou por um momento antes de se afastar, pegando um dos pergaminhos que Jon trouxera.

— O segredo para despertar um dragão está aqui. Mas você precisa mais do que fogo. Precisa de magia. Sangue. Vontade. E, acima de tudo, coragem para enfrentar as sombras.

Ela então pegou um mapa velho e desbotado, desenhando um círculo em uma região ao norte de Valíria.

— Se quiser respostas sobre sua família, precisará ir mais fundo na história deles. Isso leva você a lugares onde os homens nunca deveriam pisar. Mas, primeiro, você deve aprender. Fique aqui em Asshai por um tempo. Estude. Treine. Prepare-se.

 

Jon sentiu um nó de ansiedade no peito, mas particularmente.

— Quanto tempo?

 

Quaiyah tem inveja enigmaticamente.

— O tempo que for necessário.

As Primeiras Lições

Nos dias seguintes, Jon mergulhou nos ensinamentos de Quaiyah. Ela o ensinou sobre as antigas magias de Valíria, os segredos do fogo e do sangue, e o verdadeiro significado do poder que os dragões representavam. Ele aprendeu a ler os textos valirianos nos pergaminhos e a decifrar o grimório que Mestre Aemon lhe dera.

 

Mas também confundiu os horrores de Asshai. As sugestões nas ruas, os sonhos perturbadores que o assombravam à noite, e a sensação constante de que era observado.

— Esta cidade testa todos que ambos — disse Quaiyah certa vez. — Apenas aqueles com força suficiente para suportar as sombras encontradas ou que você procura.

 

Jon começou a entender o que Mestre Aemon queria dizer sobre sacrifícios. Ele sabia que estava se transformando. A dúvida e o medo ainda estavam lá, mas agora havia algo mais: uma chama crescente dentro dele, algo que ele não podia ignorar.

E assim, enquanto o lobo do Norte enfrentava as sombras de Asshai, o dragão dentro dele começava a despertar.

O Lobo e o Dragão: Um Ano nas Sombras

 

Asshai havia moldado Jon Snow de maneiras que ele nunca imaginou. Um ano inteiro mergulhado nos mistérios sombrios da Cidade das Sombras o transformara. Ele já não era mais o jovem incerto que desembarcou ali. Agora, ele era um praticante de magia, um estudioso das forças elementais e, acima de tudo, um homem forjado por fogo, sangue e gelo.

Quaiyah foi uma mentora implacável. Sob sua orientação, Jon havia aprendido os segredos de diversas artes mágicas:

Shadowbinding : Sombras manuais para executar sua vontade, uma habilidade que projeta concentração e um preço em vitalidade. Ele já era capaz de criar uma sombra que se movia como um lobo, mas controlá-la por muito tempo o deixava exausto.Aeromancia : Dominar o vento e o ar, criando tempestades ou dissipando-as com um simples movimento das mãos.Piromancia e magia de sangue : A capacidade de convocar fogo, tanto para ataque quanto para feitiços que sacrificam sacrifícios de sangue.Necromancia : Uma prática que Jon relutava em explorar, mas que estudava por necessidade, aprendendo a erguer cadáveres como autômatos.

E então, havia magias que fluíam de seu próprio sangue.

 

O Sangue Antigo Desperto

Combinando o sangue dos Primeiros Homens herdados de sua mãe Lyanna Stark e o sangue valiriano dos Targaryen, Jon descobriu que possuía uma camada única com magias elementais:

Magia de Gelo : Uma habilidade rara que se manifestou quando Jon estava em momentos de extremo foco ou emoção. Ele poderia criar cristais de gelo ou reduzir a temperatura ao seu redor ao ponto de congelar a água. Essa conexão vem do seu lado Stark, profundamente enraizada nas terras geladas do Norte e nos antigos deuses.Magia da Água : Um legado de sua linhagem Roinar, mais sutil, mas igualmente poderosa. Ele era capaz de manipular pequenas quantidades de água com facilidade, moldando-a como uma arma ou um escudo.

 

Essas habilidades se mostraram complementares, um equilíbrio de opostos. A água e o gelo lhe davam calma e controle, enquanto o fogo e o sangue traziam destruição e paixão.

Um Encontro com as Sombras

Na noite de seu último treinamento com Quaiyah, Jon estava diante de um altar de pedra negra, no alto da torre. O céu acima era estranho, tingido por uma aurora sombria que parecia pulsar com energia mágica.

 

— Você aprendeu muito, Jon Snow — disse Quaiyah, sua voz compartilhada de respeito. — Mas Asshai é apenas o começo. Há um mundo lá fora que precisa de sua força.

Jon segurava o ovo de dragão, agora pulsando com calor, como se estivesse quase despertando. Ele sabia o que eu precisava fazer, mas o medo ainda rondava sua mente.

— E se eu falhar? — Disse ele, a voz compartilhada de dúvida.

 

Quaiyah deu um passo à frente, seus olhos dourados brilhando.

— Falhar é eficaz para aqueles que têm medo de tentar. Você não é mais o menino que chegou aqui. Você é o dragão, Jon. E o mundo precisa do seu fogo, assim como precisa do seu gelo.

 

Ela colocou uma mão no ombro dele.

— O Norte chama por você. Westeros está à beira do caos, e sua família ainda está espalhada pelo mundo. Mas lembre-se, Jon: magia é um dom perigoso. Se usá-la sem propósito ou sem equilíbrio, ela o consumirá.

 

Jon concordou, respirando fundo.

— Eu vou para o Norte. Você encontrará minha tia Daenerys. E salvei minha avó, Rhaella, como Mestre Aemon pediu.

 

Quaiyah sorriu levemente, mas havia tristeza em seus olhos.

— Que as sombras o guiem, lobo do Norte.

O Ritual do Despertar

 

Antes de partir, Jon realizou o ritual para tentar despertar o ovo de dragão. Ele desenhou runas valirianas na volta do ovo com o próprio sangue e conjurou chamas com um feitiço aprendido em Asshai. As sombras na sala dançavam ao som de palavras antigas que saíam de seus lábios, e o calor crescia.

 

O ovo brilhou, suas escamas irradiando uma luz dourada. Ghost observava atentamente, enquanto Jon mantinha o foco, ignorando a dor crescente do sacrifício de sangue.

 

E então, no momento em que parecia que as sombras o engoliriam, um som veio do ovo: um pequeno estalo.

 

Jon recuou, ofegante, enquanto uma rachadura fina percorria a superfície do ovo. Uma luz brilhante emanou dele, e uma criatura pequena e escura emergiu, soltando um som agudo que era ao mesmo tempo feroz e vulnerável.

— Um dragão... — Jon sussurrou, incrédulo.

 

Uma criatura olhava para ele com olhos dourados e inteligentes, e Jon sentia uma conexão instantânea, como se a criatura fosse uma extensão de si mesmo.

Partindo para o Destino

Com o pequeno dragão em seu ombro, Jon deixou Asshai, embarcando em um novo navio rumo a Essos. Seu próximo destino era encontrar faixas sobre Daenerys e Rhaella. Mas ele sabia que, para salvar sua família e restaurar sua casa, precisaria mais do que magia ou força.

 

Ele precisaria se tornar algo maior. Algo que unisse o gelo e o fogo dentro de si.

 

E assim, Jon Snow, o lobo e o dragão, partiu para enfrentar o destino que o esperava nos confins do mundo.

Os Vestígios de Valíria

 

Jon Snow agora tinha quinze dias de nome, mas sentiu-se anos mais velho. A jornada de Asshai até Valíria fora longa e cheia de provas. O navio que ele contratou, o "Rastro de Chamas" , era comandado por um capitão liseno chamado Seryn Daar , um homem de olhos rápidos e um sorriso fácil que escondia interessados ​​em decifrar.

 

Durante a viagem, Jon passou boa parte do tempo sozinho, estudando os textos valirianos que Mestre Aemon lhe dera e cuidando de Fúria , o pequeno dragão que nascera do ovo. A criatura já mostrava sinais de crescimento, suas asas começando a ganhar força e seus dentes refinados mordiscando tudo ao alcance. Ghost parecia cauteloso com o dragão, mas não hostil.

 

Enquanto a costa de Valíria surgia no horizonte, o capitão chamou Jon para o convés.

— Lá está ela — disse Seryn, apontando para uma paisagem de ruínas fumegantes e águas perigosamente rasas. — A cidade amaldiçoada. Dizem que ninguém que pisa lá volta o mesmo... se é que volta.

 

Jon abriu o punho de Umbraflama, uma espada negra que parecia mais pesada a cada passo de sua jornada.

— Eu não vim até aqui para fugir.

 

O capitão deu de ombros.

— Como quiser, rapaz. Vamos deixar você na costa, mas o resto é com você.

A Chegada às Ruínas

 

O pequeno bote que Jon usou para chegar à costa foi recebido por um silêncio aterrador. As águas ao redor de Valíria fervilhavam com vapores tóxicos, a paisagem era uma combinação surreal de ruínas negras e rios de magma que ainda deixavam vivos, mesmo séculos após a Perdição.

 

Fúria soltou um rugido baixo, aninhando-se no ombro de Jon, enquanto Ghost caminhava ao seu lado, seus passos cautelosos no terreno quebradiço.

 

As ruínas foram marcadas por símbolos valirianos antigos, e Jon encontrou algumas das inscrições graças ao seu treinamento em Asshai. "Poder através do fogo. Glória na eternidade." Frases que, embora imponentes, agora soavam vazias diante da destruição absoluta.

 

Jon sabia o que procurava. Segundo os textos de Mestre Aemon, nas profundezas de Valíria, havia uma antiga biblioteca onde os magos e mestres da Cidade Livre registravam seus conhecimentos mais valiosos.

 

O Primeiro Encontro com as Sombras de Valíria

 

Enquanto explorava, Jon se sentia ao seu redor mudando. O calor constante deu lugar a um frio arrependido, e as sombras começaram a se mover de maneiras que não eram naturais. Ele segura Umbraflama, o aço negro brilhando com uma luz opaca nas trevas.

— Quem está aí? — chamou Jon, sua voz firme apesar do nervosismo.

 

Uma figura emergiu das sombras: um homem de pele pálida e olhos vermelhos como brasas. Ele usava um manto esfarrapado e carregava um macarrão entalhado com runas valirianas.

— Você é ousado por vir aqui, sangue de dragão — disse o homem, sua voz grave e ecoante. — Poucos têm coragem de enfrentar as cinzas de Valíria.

 

Jon abriu o punho da espada, mas não atacou.

— Quem é você?

 

O homem revelou, revelando dentes afiados.

—Eu sou Nyvarros , um guardião das sombras de Valíria. Fui um dos últimos magos de sangue antes da Perdição... e um dos poucos que sobreviveram ao preço que pagamos.

 

Jon sentiu um arrepio.

— Se você é um sobrevivente, então pode me ajudar. Estou aqui para aprender. Para entender o que destruiu Valíria... e para evitar que isso aconteça de novo.

 

Nyvarros riu, um som que parecia ecoar entre as ruínas.

— Evitar? Não, jovem. Você não pode evitar a ruína de algo tão grandioso quanto Valíria. Mas você pode aprender com ela. E talvez... usá-la para criar algo novo.

 

Ele deu um passo à frente, apontando para Fúria no ombro de Jon.

— Você já começou. Um dragão renascido das cinzas. Mas isso é apenas o começo.

O Teste de Valíria

Nyvarros levou Jon para uma caverna oculta sob as ruínas. Lá, entre pilares de pedra negra e poços de magma borbulhante, havia um altar antigo. No centro do altar havia um pequeno artefato: um cristal vermelho que pulsava com uma luz própria.

— Este é o Coração de Valíria , um fragmento do poder que sustentou nossa glória. Para provar que é digno de carregá-lo, você deve enfrentar as sombras de sua própria alma.

Jon hesitou, mas sabia que não havia como recuar. Ele colocou Fúria no chão e deu um passo à frente, aproximando-se do altar.

 

Assim que tocou o cristal, foi envolvido por uma escuridão completa.

O Encontro com Seus Medos

Na escuridão, Jon viu imagens de sua vida. Ele viu a morte de sua mãe, Lyanna, nos braços de Ned Stark. Ele viu seu tio Ned Stark pensando em observá-lo, mas ao custo de sua própria honra. Viu Daenerys sozinha, em terras distantes, lutando para sobreviver.

 

E então, viu o mesmo: um homem dividido entre o gelo e o fogo, carregando o peso de dois mundos que são tão irreconciliáveis.

— Você nunca será suficiente — sussurrou uma voz em sua mente. — Você não é realmente Stark, nem verdadeiramente Targaryen. Você não é ninguém.

 

Jon abriu os punhos, sentindo a raiva e a dor crescer dentro dele.

— Eu sou Jon Snow — disse ele, sua voz ecoando na escuridão. — Eu sou tanto o gelo quanto o fogo. E não será definido por minhas dúvidas ou medos.

Com essas palavras, a escuridão escondeu, e Jon se viu de volta ao altar. O cristal vermelho agora brilhava intensamente em sua mão, como se confirmasse sua determinação.

 

Nyvarros o observava com um sorriso satisfeito.

— Você passou no teste, sangue de dragão. O Coração de Valíria é seu. Mas lembre-se: o poder que ele concede é perigoso. Use-o com sabedoria.

O Legado das Cinzas

 

A caverna abaixo das ruínas de Valíria era uma ferida aberta no mundo, um lugar onde o tempo e a razão não tinham poder. O magma fervilhava, lançando sombras vermelhas nas paredes negras, enquanto o brilho do Coração de Valíria iluminava o rosto de Jon Snow. Ele segurava os artistas como se fosse tanto uma arma quanto um fardo, sentindo seu peso mesmo enquanto parecia levitar em suas mãos.

 

Nyvarros observava o jovem com seus olhos carmesins, um espectador satisfeito diante de um novo ator no palco do destino. O mago, cuja vida se estendia por eras que Jon mal podia compreender, parecia ao mesmo tempo imponente e quebrado, como uma relíquia que ainda carregava o eco de uma grandeza perdida.

 

— Você tem coragem, garoto. E mais do que isso — disse Nyvarros, sua voz ressoando com um tom de reverência que parecia quase fora de lugar. — Você tem algo que nem todos os reis de Valíria tinham: a capacidade de aprender com o passado em vez de ser consumido por ele.

 

Jon extrai os olhos do cristal, confuso.

— Se Valíria tinha tanto poder... por que caiu?

 

Nyvarros soltou uma risada curta, amarga.

— Porque achávamos deuses. Porque brincamos com as forças do mundo sem considerar o custo. A Perdição não foi apenas um acidente. Foi o pagamento de nossas dívidas... um preço que ainda estamos pagando.

 

O silêncio entre eles foi quebrado apenas pelo som do magma borbulhante.

— E você? —Jon disse. — Sobreviveu à Perdição. Por quê?

 

Nyvarros fechou os olhos por um momento, como se revivesse memórias que preferia esquecer.

— Porque eu fui tolo o suficiente para achar que pudesse salvar Valíria... e fracassei. Mas não fracasso, encontrei algo mais. Um propósito.

 

Ele deu um passo à frente, seus olhos fixos nos de Jon.

— Você é o propósito.

 

Jon recuou instintivamente, desconfiado.

— O que isso quer dizer?

 

Nyvarros segura uma mão, calmamente.

— Não tema, garoto. Não estou aqui para tomar sua alma ou controlá-lo. Estou aqui para passar adiante o que restou. Toda a magia, toda a história, todo o conhecimento de Valíria. Cinco mil anos de segredos guardados em sombras e fogo. Eu mantive isso em mim, esperando por alguém digno de carregar o fardo.

 

Jon olhou para o colar de rubis em seu pescoço, presente de Mestre Aemon, e para o cristal vermelho em sua mão.

— Por que eu?

 

Nyvarros trapaceou, dessa vez sem amargura.

— Porque você não é apenas sangue de dragão. Você é gelo também. Você carrega as duas forças que definem o equilíbrio do mundo. Valíria caiu porque se perdeu no fogo. O Norte sobreviverá porque se enterrou no gelo. Mas você, Jon Snow... você é o único que pode unir os dois.

 

Jon sentiu o peso das palavras, uma responsabilidade esmagadora. Ele pensou em sua mãe, Lyanna, e em como sua vida havia sido sacrificada para que ele vivesse. Pensou em seu pai, Rhaegar, e em como ele buscava um destino que não compreendia plenamente.

— Eu aceito — disse ele, sua voz baixa, mas firme. — Se isso significa salvar minha família, salvar Westeros... eu aceito.

 

Nyvarros extravasou as mãos, e o ar na caverna mudou. O calor aumentou, mas não de forma ameaçadora. Era como o calor de um ferreiro trabalhando na forja, moldando algo novo.

— Muito bem. Ajoelhe-se.

 

Jon hesitou, mas obedeceu. Ele sentiu as mãos de Nyvarros em sua cabeça, e o colar de rubis em torno de seu pescoço começou a brilhar intensamente. O mago começou a entoar palavras em valiriano antigo, uma língua que Jon mal conseguia compreender, mas que parecia sussurrar segredos diretamente para sua alma.

 

O conhecimento veio como um dilúvio. Ele viu imagens de dragões sobrevoando as cidades livres, magos de sangue, feitiços realizados que desafiavam a própria morte, alquimistas metais transformando em ouro. Sentiu o poder bruto da piromancia, o chamado do vento pela aeromancia, e o murmúrio da água sob o comando dos antigos magos Rhoynar.

 

Mas também sinto dor. Cada feitiço vinha com um preço. Cada conquista custava algo inominável. Ele viu a Perdição em sua mente — não como uma história, mas como um acontecimento real. Os vulcões explodindo em chamas negras, os dragões gritando em agonia, os magos sendo consumidos por suas criações.

 

Quando tudo terminou, Jon caiu para frente, ofegante, sua testa pingando suor.

— Agora você entende — disse Nyvarros, sua voz mais suave. — Magia não é um presente. É uma barganha. E o preço sempre será cobrado.

 

Jon falou-se lentamente, segurando o colar de rubis em sua mão. Ele poderia sentir o peso do conhecimento dentro dele, como se uma nova chama tivesse sido acesa em seu interior.

— Eu não vou cometer os mesmos erros — disse ele, a determinação em sua voz clara como nunca antes.

 

Nyvarros inclinou a cabeça.

– Veremos. Mas lembre-se disso, garoto: o poder em suas mãos é antigo, mas você é jovem. Use-o com sabedoria, ou será consumido como tantos antes de você.

 

Ele deu um passo para trás, suas sombras começando a se fundir com a caverna.

— Vá agora, sangue de dragão e gelo. O mundo está esperando por você.

 

Jon saiu da caverna, achando-se diferente. Não apenas mais poderoso, mas mais consciente do que realmente era. Ele olhou para Fúria, que agora voava nos círculos acima, e para Ghost, que caminhava ao seu lado.

O peso do destino era esmagador, mas Jon Snow, aos quinze dias de nome, não era mais apenas um bastardo do Norte. Ele era herdeiro de Valíria, filho de gelo e fogo, e o mundo ainda não sabia o que estava por vir.

E, com isso, o lobo e o dragão partiram juntos, para reescrever os destinos de Westeros e além.

O Dragão e o Lobo

 

Jon segurava a vela de vidro de dragão nas mãos, os dedos traçando a superfície fria e lisa. A luz verde pulsava como um coração vivo, reagindo ao calor de sua pele. A promessa de Nyvarros ecoava em sua mente como um juramento gravado a fogo: "Magia não é um presente. É uma barganha."

 

Ele se concentrou, deixando que as imagens formassem um caminho em sua mente. Na escuridão de seus pensamentos, viu o Mar Dothraki, um oceano de grama sem fim, banhado pelo brilho do sol poente. E lá estava ela. Cabelos prateados brilhando como a lua, os olhos violeta fixos no horizonte. Daenerys Targaryen. Cativa, mas ainda uma rainha em espírito.

 

Jon abriu os olhos, respirando fundo. Ghost, o fiel lobo branco, encarava-o em silêncio, seus olhos vermelhos cheios de entendimento. Fúria, o dragão que Jon criou desde o ovo, descansava a poucos metros, com as asas levemente erguidas. O mundo à sua volta parecia conter a respiração.

— Vamos, então — disse Jon, mais para si mesmo do que para os dois companheiros. — O destino não espera por ninguém.

 

O Resgate

 

A vastidão do Mar Dothraki era opressora, mas a vela de vidro guiava Jon como uma estrela no céu. Após dias de viagem, ele avistou o khalasar. Centenas de dothraki circulavam como lobos na volta de Daenerys, que permanecia no centro, uma figura solitária em meio à multidão. Jon e seu navio atracaram no porto Qarth 

e foi caminhando até o Mar Dothraki.

 

Quando a noite caiu, Jon e Ghost agiram como sombras. Ghost eliminou os guardas silenciosamente, e Jon avançou entre as tendas até encontrar Daenerys. Ela estava amarrada a um poste, os cabelos sujos, mas o olhar firme. Quando o viu, franziu a testa, confuso.

 

— Quem é você? — Disse ela, num sussurro refinado.

 

— Jon Snow — respondeu ele, cortando as cordas com sua adaga. — Sou seu sobrinho.

 

— Meu sobrinho? — Uma dúvida dançou em seus olhos, mas ela não teve tempo para protestar. Os gritos dos dothraki vieram ao ecoar.

 

Jon remove-a para fora da tenda, guiando-a na direção de Fúria. Ela hesitou em ver o filhote de dragão, mas Jon a empurrou suavemente.

— Confie em mim, e venha comigo 

 

Ambos sairam do acampamento e subiram no cavalo e formaram em direção a cidade de Qarth 

depois de Qarth , foram para Yi-Ti procurar a Rhaella.

 

A Jornada para Yi-Ti

 

Durante uma longa viagem para Yi-Ti, Daenerys ficou em silêncio. Jon respeitou o espaço dela, sabendo que a verdade que carregar era pesada demais para ser forçada.

 

— Você disse que é meu sobrinho — ela falou finalmente, quebrando o silêncio. – Explícito.

 

Jon olhou para ela, os olhos refletindo o peso de tudo que aprendera.

— Meu pai era Rhaegar. ea Minha mãe... Lyanna, . Nasci escondido, criado no Norte como um bastardo para me proteger.

 

Daenerys riu amargamente.

— Um bastardo Targaryen. E agora, os herdeiros de tudo o que restou.

 

— Não sou apenas Targaryen — disse ele, firme. — Sou Stark também. Sangue de gelo e fogo.

Ela o estudou por um momento, como se tentasse desvendar os mistérios por trás de seus olhos cinzentos.

— Por que eu salvei?

 

— Porque somos tudo o que restou — respondeu ele. — Não podemos lutar sozinhos. Não agora.

Yi-Ti: O Encontro com Rhaella

 

Chegaram a Yi-Ti sob um céu dourado, onde templos antigos e cidades de jade se erguiam como testemunhas de eras passadas. Jon sentiu algo místico no ar, como se a própria terra estivesse impregnada de magia.

 

Foi lá, em um vale oculto, que encontrou Rhaella Targaryen. Ela parecia mais velha, mas havia uma dignidade inquebrável em sua postura. Seus olhos brilharam com lágrimas quando viu Daenerys.

— Minha doce menina... Pensei que nunca mais te veria. — Ela manteve Daenerys para um abraço trêmulo.

Quando seus olhos pousaram em Jon, ela hesitou, mas depois brilhou.

— E você... Rhaegar disse que você seria especial. Ele tinha razão.

 

Jon não sabia o que dizer. A presença dela o tocava de um jeito que ele não conseguia explicar. Era como encontrar uma parte de si mesmo que ele nem sabia que estava perdida.

 

Rhaella se converteu para um salão iluminado por velas, onde falou sobre o futuro.

— Vocês dois são tudo o que resta da Casa Targaryen. Mas não apenas herdeiros de um trono. Vocês são herdeiros de um legado, de uma magia antiga que pode salvar este mundo... ou destruí-lo.

 

Daenerys olhou para Jon, os olhos finalmente refletindo algo além de dúvida.

— Você me salvou. Agora, nós dois devemos decidir como salvar o que resta.

 

Jon assentiu, sentindo o peso do destino mais forte do que nunca.

— Faremos isso juntos.

E assim, o dragão e o lobo olharam para o horizonte, prontos para enfrentar o mundo.

O Peso do Passado

 

Jon estava sentado ao lado de Rhaella em uma varanda de jade do templo que os abrigava. O céu de Yi-Ti era de um dourado hipnotizante, e o ar carregava um calor estranho, mas acolhedor. Daenerys permanecia em silêncio próximo deles, os olhos fixos no horizonte. Entre os três, o silêncio era tenso, quase palpável.

 

Finalmente, Rhaella quebrou o silêncio, virando-se para Jon com olhos carregados de emoção.

— Conte-me, Jon. O que aconteceu com Viserys? Ele estava comigo quando fugimos de Pedra do Dragão, mas eu não... Eu não consegui protegê-lo.

 

Daenerys respirou fundo, como se o ar ao redor tivesse ficado mais pesado.

— Não foi Jon quem trouxe essa dor, avó. Foi Drogo. — Sua voz era fria, mas controlada, como uma lâmina recém-forjada.

 

Jon olhou para ela, surpreso. Ele sabia que Drogo tinha sido importante para Daenerys, mas nunca tinha ouvido falar do que acontecera com Viserys.

 

Rhaella inclinou-se para frente, os olhos fixos em Daenerys, implorando por respostas.

— O que você quer dizer? O que Khal Drogo fez?

 

Daenerys cerrou os punhos, os olhos violeta brilhando com algo entre dor e raiva.

— Viserys... ele nunca soube ser irmão. Ele sempre foi cruel, como se minha existência fosse um peso que ele precisava carregar. Quando fui prometida a Drogo, ele pensou que teria um exército ao seu comando. Mas quando percebeu que Drogo não o respeitava... ele perdeu o controle.

 

A respiração de Daenerys ficou pesada, e sua voz quebrou levemente.

— Ele veio até nós, bêbado e furioso. Ameaçou me matar. Exigiu a coroa de ouro que Drogo prometera. — Ela fechou os olhos, como se as imagens queimassem em sua mente. — Drogo cumpriu a promessa. Derreteu o ouro e derramou sobre a cabeça dele. Eu... eu vi tudo.

 

Rhaella levou uma mão à boca, horrorizada.

— Ele... ele matou meu filho?

 

— Ele fez mais do que isso — respondeu Daenerys, a dor em sua voz substituída por uma fúria contida. — Ele planejou me humilhar. Queria me forçar a montar o cadáver de Viserys como punição por suas ameaças.

 

Jon apertou os punhos, os olhos escurecendo com raiva.

— E você permitiu isso?

 

Daenerys levantou o olhar, encontrando o dele.

— Eu não tinha escolha, Jon. Não na época. Eu era jovem, assustada. Mas aprendi. Khal Drogo morreu por causa disso, e o que eu sofri moldou quem eu sou agora.

O Fardo de um Futuro

 

Rhaella cobriu o rosto com as mãos, balançando a cabeça em silêncio. Jon sentiu o peso da história cair sobre eles como uma sombra. Finalmente, ele se levantou, aproximando-se de Daenerys.

 

— Não podemos mudar o que aconteceu — disse ele, sua voz firme, mas com um tom de gentileza. — Mas podemos decidir o que faremos a partir de agora.

 

Daenerys olhou para ele, e por um momento, parecia frágil. Mas então assentiu, os ombros relaxando.

— Eu não sou mais a mesma pessoa que era sob o domínio de Drogo. E você também não é apenas o bastardo que cresceu no Norte. Estamos aqui agora, e o que faremos juntos será maior do que qualquer coisa que o passado possa nos prender.

Os Ovos de Dragão

 

Mais tarde, naquele mesmo dia, Jon entrou em um dos salões do templo e encontrou os três ovos de dragão que Daenerys trouxera de Essos. Eles estavam sobre uma almofada de seda, brilhando com tons de verde, preto e dourado.

 

Jon estendeu a mão para o ovo negro, sentindo o calor latente sob a superfície.

— Eles estão vivos — sussurrou ele, quase para si mesmo.

Daenerys entrou na sala, observando-o em silêncio.

— Me foram dados como presente de casamento. Disseram que eram apenas pedras, mas agora eu sei... eles são muito mais.

 

Jon virou-se para ela, segurando o ovo com cuidado.

— Eles precisam de fogo para renascer. De magia... e de propósito.

 

Ela o observou por um momento antes de cruzar os braços.

— E o que você sugere?

— Que façamos isso juntos — respondeu ele, os olhos cinzentos brilhando com determinação. — Dragões precisam de um Targaryen para guiá-los. E o mundo precisa de dragões novamente.

 

Daenerys hesitou antes de se aproximar, colocando a mão sobre o ovo verde.

— Então faremos isso. Juntos.

 

Do outro lado do salão, Rhaella apareceu, a postura elegante e serena, mas seus olhos cheios de uma sabedoria dolorosa.

— Vocês dois têm algo que ninguém mais tem. Uma chance de unir o passado e o futuro. Dragões... e a família. Não desperdicem isso.

 

Jon e Daenerys trocaram um olhar cheio de compreensão. Pela primeira vez, o peso do que eles carregavam parecia compartilhado, um fardo que eles poderiam suportar juntos. E, em silêncio, eles se prepararam para trazer o fogo e o sangue de volta ao mundo.

FIM 


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