Poder Oeste de Westeros

Chapter 4: Verdade e casamento parte II



O Encontro com o Legado

 

Pilhando cuidadosamente, ele encontrou o que procurava: livros sobre dragões, magia de sangue, e até sobre o uso de rubis encantados para armazenar poder. Jon separou os textos e começou a procurar os ovos que diziam estar escondidos ali.

Após horas de busca minuciosa, ele encontrou o que parecia ser um cofre selado no coração da fortaleza. Ao usar sua força e um pouco de técnica, o cofre revelou três ovos. Eram lindos, com uma aparência ancestral: um negro como carvão, outro dourado com toques vermelhos, e o último esverdeado como musgo antigo.

O Colar de Rubis

 

Jon sabia que precisaria examiná-los, mas também muito solicitado de um meio de carregamento dos segredos ocultos. Usando um dos feitiços descritos nos livros, ele encantou o colar de rubis que carregava desde o seu tempo na Antiga Valiria. O rubi, brilhando como fogo vivo, tornou-se o receptáculo de sua herança. Com cuidado, ele vinculou o conhecimento e a essência mágica dos livros e dos ovos ao colar.

Agora, Jon não apenas carregava a memória de sua casa. Ele era o guardião do futuro dela.

De volta à costa, Jon olhou para trás, observando a Pedra do Dragão desaparecer no horizonte conforme o barco partia. Ele não tinha dúvidas: o mundo ainda não estava preparado para o que ele traria.

"Que o fogo e o sangue os ensinem a lembrar."

Rhaella ficou em silêncio por um momento, observando Jon com atenção enquanto ele revelava seus interesses. A força em suas palavras, o peso de sua determinação, eram inegáveis. Ainda assim, a menção de Velha Valíria trouxe um arrepio que ela não poderia ignorar.

 

— Você já esteve aí, Jon? — Disse ela finalmente, sua voz sobre incredulidade e preocupação. — Naquele lugar amaldiçoado?

 

Jon concordou, sua expressão séria.

— Estive, avó. Não foi uma viagem fácil, mas o que encontrei lá me deu respostas... e mais perguntas. Velha Valíria ainda guarda segredos, mas não é para onde vamos agora.

 

Ele fez uma pausa, olhando para o horizonte e depois voltando o olhar para ela.

— Nosso destino é a Muralha. Vamos salvar meu tio-avô Aemon antes que seja tarde demais.

 

Daenerys, que estava ouvindo uma conversa em silêncio, franziu a testa, finalmente entrevindo.

— Ó Mestre Aemon? — Ela parecia confusa. — Ele não escolheu ir para a Muralha? Ele não está seguro lá?

 

Jon balançou a cabeça lentamente.

— Ele escolheu, sim, mas as coisas mudaram. Ele é velho, frágil, e as condições da Muralha são severas demais para ele agora. Além disso, ele carrega um peso que ninguém deveria carregar sozinho. Ele precisa de nós, Daenerys. Ele precisa voltar para casa, pelo menos uma vez antes do fim.

 

Rhaella colocou uma mão no ombro de Jon, os olhos cheios de uma mistura de preocupação e orgulho.

— Você tem um coração bondoso, Jon. Mas me diga, o que você espera encontrar quando chegar lá? O que planeja fazer?

 

Jon respirou fundo, como se ponderasse sua resposta.

— Planejo tirá-lo de lá. Ele serviu fielmente à Patrulha da Noite por décadas. Mas agora é hora de ele descansar, cercado por sua família, enquanto ainda podemos dar isso a ele.

Rhaella assentiu lentamente.

— Então vamos para Muralha. Mas, Jon, eu imploro... deixe a magia de sangue para outro momento. Agora, concentre-se no que realmente importa: traga seu tio-avô para casa.

 

Jon hesitou por um instante, mas a intensidade no olhar de sua avó o fez ceder.

 

— Por enquanto, avó. — disse ele, suavemente. — Só por enquanto.

O navio alterou seu curso, deixando o destino de Velha Valíria para trás. Agora, eles navegaram para o norte, rumo ao frio da Muralha, onde uma missão de resgate aguardava.

 

Arya e o Destino do Norte

 

Enquanto Eddard era levado para o Norte, Jon usou seus próprios navios para garantir a segurança de Arya, enviando-a em segredo para Porto Branco. Ele sabia que ela seria mais segura longe das intrigas de Porto Real.

Eddard, por sua vez, invejou uma carta urgente para Robb, ordenando-lhe que dobrasse o joelho ao Rei Joffrey. A carta era clara: evitar mais derramamento de sangue era prioridade.

Quando a mensagem chegou a Robb em Correrrio, ele ficou furioso. Sua honra e orgulho como Senhor do Norte foram profundamente feridos. Mas, como era uma ordem direta de seu pai, ele engoliu a raiva e obedeceu.

Robb em Porto Real

Robb navegou até Porto Real, onde, no trono, Joffrey o recebeu com um sorriso arrogante. O jovem Stark dobrou o joelho, provocou o traço do espírito de independência do Norte. A humilhação era evidente, e Robb sabia que cada um de seus vassalos esperava que ele fosse mais do que isso.

Quando voltou ao Norte, Robb percebeu que sua posição estava enfraquecida. O respeito de seus vassalos havia diminuído, e havia murmúrios de insatisfação nos salões de Winterfell.

O Pacto com os Frey

Pressionado para reconstruir alianças e restaurar sua posição, Robb aceitou um contrato de casamento com Walder Frey, prometendo casar-se com uma das filhas de Lord Frey em troca de apoio político e econômico. Como parte do acordo, Arya, agora segura em Porto Branco, foi prometida a um dos filhos de Frey, garantindo um laço duplo entre as casas.

Arya no Quarto

O quarto de Arya estava mergulhado na escuridão. A única luz vinha da pequena janela, onde a neve começava a se acumular. Ela sentou-se no chão, as costas contra a cama, com os punhos cerrados de pura raiva. Quando ouvi as batidas na porta, ignorei.

 

— Arya, abra a porta! — com a voz de Catelyn do outro lado.

Arya fala imóvel, a mandíbula manchete.

 

— Arya Stark, abra esta porta agora! Eu sou sua mãe, e estou ordenando que você abra!

 

Com um suspiro pesado, Arya se declarou. Seu rosto estava marcado pela raiva, os olhos faiscando. Quando abriu a porta, encarou Catelyn com um olhar que parecia cortar mais que uma lâmina.

— O que você quer, mãe ? — disse ela, com sarcasmo amargo.

 

Catelyn hesitou, mas antes que pudesse responder, Arya continuou, a voz compartilhada de ódio.

— Você me vendeu.

–Ária...

— Não! —concordei Arya, interrompendo. — Você me vendeu como se eu fosse uma puta, para casar com um Frey qualquer, só para que Robb pudesse atravessar as Gêmeas!

A última palavra saiu como um grito.

 

— Eu te odeio! — cuspiu Arya, lágrimas queimando em seus olhos, embora ela não as deixe cair. — Você me tirou a minha liberdade. Você destruiu tudo.

 

Catelyn tentou falar, mas Arya bateu a porta com força na cara dela.

Catelyn no Escritório de Robb

 

Ainda abalada pelas palavras de Arya, Catelyn caminhou até o escritório que antes fora de Eddard. O som do fogo crepitando na lareira preencheu o ambiente enquanto Robb, de pé diante dela, olhou para as chamas.

— Filho... — disse ela, hesitante.

 

— O que você quer, mãe? — perguntou Robb, sem se virar. Sua voz era fria, distante.

— Eu... eu vim aqui para pedir desculpas pelos meus atos — disse Catelyn, a voz trêmula.

 

Robb se virou lentamente, os olhos azuis queimando com uma fúria que ela nunca tinha visto nele.

— Desculpas? — ele disse, com incredulidade na voz.

 

Catelyn tentou responder, mas Robb avançou, sua voz subindo de tom.

— Suas desculpas, mãe? Elas não valem nada!

 

Ele deu um passo em direção a ela, com as mãos fechadas em punhos.

— Meu pai está na Muralha, exilado, porque você sequestrou Tyrion Lannister e começou uma guerra!

 

Catelyn recuou, mas Robb não parou.

 

— Eu vou me casar com uma mulher Frey. Arya está prometida a um Frey. Tudo isso por causa do seu erro!

Ele bufou, passando uma mão pelos cabelos em frustração.

— Eu perdi o respeito dos meus vassalos. Eles me chamam de o Senhor que se ajoelhou ! Comparado a mim, até Torrhen Stark parece um homem de honra!

 

Catelyn tentou intervir, mas Robb continuou, a raiva transbordando.

 

— Você trouxe vergonha ao meu nome, ao nome do Norte, ao nosso sangue! E para quê? Para satisfazer sua vingança cega contra os Lannisters?

Ele indicou para a porta.

 

— Arya me odeia por causa do que você fez. E eu não sou culpado.

Catelyn começou a chorar, mas ele não demonstrou piedade.

 

— E sabe o que é pior? Pelo menos Jon teve sorte. Ele nunca foi para a Muralha. Pelo menos ele escapou disso tudo.

 

As lágrimas de Catelyn cessaram, e ela gritou o queixo.

— O bastardo precisa morrer — disse ela, firme.

 

Robb piscou, chocado.

— O quê?

 

— Jon é uma ameaça. Ele é filho ilegítimo do seu pai. Ele tem o nome Snow, e isso é suficiente para dividir o Norte.

 

Robb ficou em silêncio por um momento, mas então sua expressão resistiu.

— Jon nunca fez nada para me prejudicar. Ele nunca conspirou contra mim, ao contrário de você.

 

Ele deu um passo à frente, a voz baixa, mas cheia de desprezo.

— Mãe, você destruiu essa família. Não Jon. Você.

 

Catelyn ficou paralisada, as palavras de Robb cravando-se em seu coração como facas.

Ele se virou para a lareira novamente, deixando-a ali, sozinha, com o peso de sua culpa.

Catelyn Stark sentou-se no canto do quarto, as mãos apertando no colo, os olhos fixos na janela embaçada pela neve do lado de fora. O silêncio da noite parecia zombar de sua solidão, preenchendo o vazio que agora a cercava.

 

Sua mente não está descansada.

Roube uma odiava. As palavras dele ainda ecoavam em sua cabeça, cada sílaba como uma lâmina afiada: "Você destruiu esta família. Não Jon. Você."

 

Arya também a odiava. Aquele olhar cheio de desprezo, aquele tom ácido e cortante: "Você me vendeu como uma puta."

 

Catelyn sentiu os olhos queimados com lágrimas, mas não as deixou cair. O peso de suas decisões a esmagava, cada escolha um tijolo na parede que agora a isolava.

Ela inventou Eddard. Ele estava na Muralha, carregando as consequências de seus atos. Se ao menos eu tive ouvido... Mas era tarde demais para críticas.

 

Seus pensamentos voltaram no início, no momento em que sequestrava Tyrion Lannister. Na época, parecia a escolha certa. Ele era um Lannister, o símbolo de tudo que ela odiava. Ela pensou que estava protegendo sua família, mas agora via que havia apenas incendiado um barril de pólvora.

Os vassalos de seu pai a desprezavam por isso, e ela sabia que a culpa era dela. Robb, o garoto que um dia a olhar com tanto amor e confiança, agora a olhou como se fosse uma estranha.

 

Eu fiz isso , pensei ela, o peito apertando. Eu destruí minha família.

 

O quarto parecia menor, sufocante. Ela olhou para suas mãos, tremenda, e se disse em que momento tudo desmoronou.

Catelyn sentiu uma onda de desespero. Não houve saída. Robb jamais a perdoaria. Arya jamais esqueceria. Até Sansa estava longe, como um peão nas mãos dos Lannister. Sua família, que ela tanto amava, estava fragmentada.

— O que eu fiz? — sussurrou ela para o vazio, a voz rouca de dor.

 

O vento uivava lá fora, como se respondesse ao seu lamento. Mas dentro do quarto, a única resposta era o silêncio. E o peso insuportável da culpa.

Na vastidão gelada da Muralha, Jon Snow encontrou-se diante do Lorde Comandante Jeor Mormont, o velho urso, dentro da sala austera de comando. O fogo na lareira projetava sombras dançantes nas paredes de pedra, enquanto o vento do Norte rugia ao longe.

 

Jon segurava uma pequena bolsa de couro em uma das mãos, seu conteúdo tilintando discretamente.

— Lorde Comandante — começou Jon, sua voz firme, mas com um tom de respeito. — Eu venho com uma proposta.

 

Mormont, sentado em sua cadeira de madeira robusta, gritou o olhar cansado. — Continue, rapaz.

Jon deu um passo à frente, segurando uma bolsa à frente do corpo.

— Quero garantir a liberdade do meu tio, Meistre Aemon. Ele serviu à Patrulha durante toda a sua vida. Mais do que ninguém, ele merece paz nos seus últimos anos.

 

Mormont arqueou uma sobrancelha, uma desconfiança evidente em seu olhar.

— Aemon escolheu vir para cá. Ele aceitou os votos. Por que eu deveria libertá-lo agora?

 

Jon respirou fundo, mantendo o tom sereno.

— Porque eu posso garantir algo que a Patrulha da Noite precisa desesperadamente: recursos.

 

Ele abriu a bolsa, revelando o brilho dourado das moedas valirianas. O nosso refletia o fogo da lareira, iluminando a sala com um brilho quente e sedutor.

— Com isso, o senhor poderá fortalecer dois castelos que estão abandonados. Restaurar as muralhas, as defesas, e trazer mais homens para a causa.

 

Mormont olhou para as moedas, depois para Jon.

— Isso é generoso, garoto, mas o que você ganha com isso? Aemon é um velho cego. Não é útil para mais ninguém além de nós.

 

Jon sustentou o olhar, a determinação evidente em seus olhos cinzentos.

— Ele é meu tio, Lorde Comandante. Ele é um Targaryen. Ele merece mais do que morrer no frio, esquecido.

 

O silêncio caiu sobre a sala, interrompido apenas pelo crepitar do fogo. Mormont inclinou-se para frente, as mãos entrelaçadas sob o queixo.

— E se eu aceitar sua oferta, como isso não parecerá um insulto à Patrulha? Liberar um homem de seus votos, ainda mais um Targaryen?

 

Jon brilhou de leve, um brilho de astúcia nos olhos.

— Não será liberado. Será um favor de um Comandante para outro homem Leal. E ninguém mais precisa saber dos detalhes.

 

Mormont ficou em silêncio por mais alguns momentos, avaliando Jon. Ele sabia que o rapaz tinha um propósito maior. Talvez algo que ele não tenha compartilhado totalmente. Mas as moedas agora poderiam salvar a Patrulha.

— Muito bem — disse Mormont, finalmente. — Aemon será liberado. Mas lembre-se, garoto, uma vez que você pisa fora da Muralha, não há mais volta.

 

Jon fez um aceno breve, o problema cruzando seu rosto.

— Obrigado, Lorde Comandante. Isso será lembrado.

 

Com isso, ele se virou, deixando a sala com passos firmes. No fundo de sua mente, ele sabia que era apenas mais um passo para garantir o futuro que estava moldando. Um futuro onde ele não seria mais manipulado por ninguém.

 

O navio a vapor navegava silenciosamente sob a luz da lua, as velas negras quase imperceptíveis contra o céu noturno. Jon estava na proa do navio principal, o vento frio acariciando seu rosto enquanto ele encarava o horizonte. Atrás dele, Rhaella, Meistre Aemon e Daenerys permaneciam em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

 

Daenerys finalmente quebrou o silêncio.

— Você tem certeza disso, Jon? Destruir a Cidadela... é um ato que não poderá ser desfeito.

 

Jon virou-se lentamente, seus olhos cinzentos brilhando com uma determinação gélida.

— Os Meistres não são apenas estudiosos. Eles conspiraram contra nossa casa por gerações. Eles controlam a história, manipulam reis e senhores. Se quisermos um novo mundo, um mundo sem as correntes que eles impõem, a Cidadela deve cair.

 

Rhaella, com a postura ereta e o olhar distante, observava Jon com atenção.

— Você quer trazer fogo e sangue, Jon? — Disse ela, sua voz calma, mas cheia de significado. — Não se esqueça que essas palavras vêm com um preço.

 

— E eu estou disposto a pagá-lo — respondeu Jon, firme. — Pegaremos o conhecimento que nos é útil, o ouro do Banco de Vila Velha, os tesouros do Septo Estrelado. E depois disso, a Cidadela será apenas cinzas.

 

Meistre Aemon, o mais velho entre eles, balançou a cabeça, sua expressão relacionada à tristeza.

— Queimar a Cidadela... será que isso nos tornará diferentes daqueles que nos traíram? Conhecimento é poder, Jon. E destruí-lo pode trazer mais escuridão do que você imagina.

 

Jon mudou-se do tio, ajoelhando-se para ficar à altura dele.

— Tio, você trabalhou a eles por décadas. Sabe melhor fazer que ninguém como eles manipulam os reinos. Westeros precisa ser libertado. E se para isso tivermos que deixar um rastro de fogo, então que assim seja.

 

Daenerys cruzou os braços, claramente confortável com o plano, mas ciente de sua necessidade estratégica.

— Não gosto disso, mas concordo que os Mestres têm poder demais. Eles guardam segredos e tesouros que deveriam ser de todos.

 

Rhaella deu um passo à frente, o olhar firme.

— Então fazemos isso rápido e sem alarme. Pegamos o que é necessário e desaparecemos antes que o mundo saiba o que aconteceu.

 

Jon assentiu, sua determinação inabalável.

— Assim será.

Na Cidadela

 

A noite estava calma quando o pequeno grupo de homens mascarados desembarcou nas docas de Vila Velha. Movendo-se com soluções, eles se infiltraram na Cidadela. Enquanto Daenerys e Rhaella supervisionavam o carregamento dos livros e tesouros em segredo, Jon caminhava pelos corredores de pedra com um pequeno frasco de óleo nas mãos.

Ele parou em uma das enormes bibliotecas, como paredes forradas de tomos antigos e manuscritos únicos. Por um momento, hesitou. As palavras de Meistre Aemon ecoaram em sua mente: "Conhecimento é poder."

Mas então ele se lembrou das conspirações que os livros continham, dos segredos que os Meistres guardavam para manter o Norte fraco, os Targaryen mortos, e a Fé dos Sete fortalecida.

— Poder é o que fazemos dele — murmurou Jon para si mesmo.

Ele derramou o óleo ao longo das prateleiras, cada gota alimentando o incêndio que ele planejava começar.

Enquanto as primeiras chamadas dançavam nos corredores, Jon caminhou calmamente para fora. O céu já estava começando a se iluminar com o brilho das chamas quando o grupo embarcou de volta em seu navio.

 

Rhaella, ao lado de Jon, olhou para trás, vendo a fumaça subir contra o céu noturno.

— O mundo mudou esta noite — disse ela, sua voz pesada com emoção.

 

Jon apenas assentiu, seu olhar fixo no horizonte.

— E continuará mudando.

A Cidadela queimava, suas torres caíam em ruínas, enquanto o navio desaparecia nas águas escuras. Atrás deles, o conhecimento dos Meistres foi consumido pelas chamas, e diante deles, Westeros aguardava um futuro moldado pelo fogo e pelo sangue.

 Rhaella olhou para Jon, surpresa com a frieza de suas palavras. O brilho do fogo que ainda queimava a Cidadela refletia em seus olhos, mas sua expressão permanecia indecifrável.

— Você quer moldar o mundo em chamas, Jon? — perguntou ela, com um toque de melancolia. — Os Sete Reinos livres... ao custo de mais destruição?

 

Jon virou-se para ela, seus olhos profundos e determinados como o próprio mar ao redor do navio.

— Liberdade exige sacrifícios, avó. A Fortaleza Vermelha e o Grande Septo representam tudo o que aprisiona este continente: corrupção, intriga e falsas esperanças. Se quisermos um novo começo, precisamos destruir o velho.

 

Rhaella respirou fundo, segurando o parapeito do navio para se estabilizar enquanto o vento aumentava.

— E você acha que podemos reconstruir algo sólido sobre as cinzas? Ou será que tudo o que sobrará será caos, como você diz querer?

 

Jon sorriu de canto, aproximando-se dela.

— O caos é uma escada. Cada reino pode se reerguer à sua maneira. E nós... nós seremos os guias.

 

Rhaella: — E quanto ao casamento? É isso que significa para você? Uma jogada para preservar nosso sangue, um gesto frio para consolidar o poder?

 

Jon a encarou por um momento antes de responder, sua voz baixa mas firme.

— Não sou cego, avó. Eu vejo o peso em seus olhos quando falamos disso. Mas sei que é necessário. Nosso sangue é nossa força. E se nossa união for o preço para assegurar um legado eterno para os Targaryen, então eu estou disposto a pagá-lo.

 

Rhaella fechou os olhos por um instante, absorvendo as palavras. Quando os abriu, uma determinação semelhante brilhava em seu olhar.

— Se você acredita nisso, Jon, então terá minha lealdade. Mas saiba que sua avó não é uma marionete. Caminharei ao seu lado porque acredito em você... mas não sem questionar quando for necessário.

 

Jon assentiu, um respeito silencioso em seu semblante.

— Eu esperaria nada menos de você, Rhaella. E agora, Porto Real nos aguarda.

 

O navio continuou sua jornada pelas águas escuras, e a cidade distante, com sua famosa Fortaleza Vermelha, começava a surgir no horizonte. O plano de Jon era ousado, destrutivo, mas carregado de um ideal que só ele compreendia completamente.

 

Rhaella, ao lado dele, olhou para a terra que se aproximava. Apesar das dúvidas, havia algo fascinante na convicção de Jon — uma força que ela não via em Westeros desde os dias de Aegon, o Conquistador.

 

O futuro seria moldado no fogo e no sangue... mas quem realmente comandaria as chamas?

 

Aemon, que permanecia em silêncio enquanto observava as águas agitadas, ergueu os olhos, seus anos de sabedoria refletindo em sua expressão cansada.

— Jon, a vingança é um fogo insaciável. Você diz que não liga para os Sete Reinos, mas e quanto ao que virá depois? O que você deixará além das cinzas?

 

Jon virou-se para o homem mais velho, o olhar afiado como a lâmina de um punhal.

— Depois? Depois, eles recomeçam, tio-avô. Recomeçam sem as correntes do passado, sem os falsos reis e a falsa paz. Que Westeros queime até que só reste caos e morte! Não é por eles que faço isso. É por nós. Por você, que foi obrigado a renunciar ao trono. Por minha mãe, que foi perseguida até a morte. Por meu pai, que morreu em Harrenhal. Por Viserys, que sucumbiu à loucura. E por todos os outros que os Sete Reinos destruíram!

 

Aemon suspirou, seus olhos fitando o colar no pescoço de Jon, onde se encontravam os segredos da Cidadela.

— E acha que essa vingança trará justiça? Ou você apenas trocará uma tirania por outra?

 

Jon não respondeu imediatamente. Ele olhou para o horizonte, onde a silhueta de Porto Real já se formava. Quando falou, sua voz era fria, mas carregada de emoção contida.

— Não me importa justiça, Aemon. Justiça não trouxe minha família de volta. Se o caos for o preço, então que seja pago em sangue. Eu tomarei Porto Real e deixarei o mundo testemunhar o verdadeiro poder de um Targaryen.

 

Daenerys, que até então observava a conversa, deu um passo à frente, seus olhos fixos nos de Jon.

— E depois disso? Se minha mãe se casar com você para consolidar nosso sangue... o que será de mim? De nós?

 

Jon virou-se para ela, e pela primeira vez, um sorriso quase gentil tocou seus lábios.

— Você será minha, Daenerys. Nós três — minha avó, você e eu — seremos as três cabeças do dragão. Como Aegon e suas irmãs, seremos o pilar de um novo mundo. Não haverá espaço para divisões. Seremos um só fogo, um só propósito.

 

Daenerys o encarou, surpresa pela clareza e intensidade de sua resposta. Ela não sabia se aquilo era coragem ou loucura, mas algo em Jon era magnético, impossível de ignorar.

 

Aemon balançou a cabeça lentamente, seu tom grave.

— Você acredita estar seguindo os passos de Aegon, mas Aegon conquistou para unir, não para destruir. Você busca queimar, Jon, e isso... isso não é o caminho de um rei. É o caminho de um tirano.

 

Jon se aproximou de Aemon, seu olhar faiscando.

— Talvez eu seja um tirano, tio. Mas tirano ou não, eu serei o dragão que eles não podem ignorar.

 

Rhaella, que ouvia tudo em silêncio, finalmente interveio, sua voz cortante.

— Você fala de destruição como se fosse um ato de redenção, Jon, mas a verdade é que o caos que você tanto quer liberar também vai nos consumir. Você acha que seremos imunes às chamas que você pretende espalhar?

 

Jon se voltou para ela, sua expressão suavizando por um breve momento.

— Eu protegerei vocês, avó. Eu não deixarei que nada aconteça conosco. Somos a Casa Targaryen, e nosso destino é comandar, não ser comandados. E quem não entender isso... verá o fogo de um dragão pela última vez.

 

O navio segue seu curso, Porto Real cada vez mais próximo. O era pesado com as emoções conflitantes não convés. Para Jon, a decisão já foi tomada. Mas para os outros, cada palavra parecia um passo mais fundo no abismo que ele estava criando.


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